Home Notícias Paolla Oliveira fala da luta contra o machismo no Carnaval: ‘Não vou deixar as críticas me pararem’

Paolla Oliveira fala da luta contra o machismo no Carnaval: ‘Não vou deixar as críticas me pararem’

0
Paolla Oliveira fala da luta contra o machismo no Carnaval: ‘Não vou deixar as críticas me pararem’

[ad_1]

Rainha de Bateria da Grande Rio no Carnaval do Rio de Janeiro, atriz foi alvo de críticas em relação ao seu corpo e tem usado sua visibilidade para combater o machismo

Paolla Oliveira exerce o seu título de Rainha de Bateria da Grande Rio com a mesma paixão que a levou ao posto no Carnaval de 2009, mas com uma confiança e consciência que não tinha quando decidiu se afastar por uma década, dois anos após sua estreia. Aos 41 anos, a atriz veste a coroa mais uma vez neste ensaio exclusivo para a Quem não só para representar com a alegria a escola carioca na avenida, mas como uma forma de resistência e luta contra o machismo, que permeou as críticas feitas ao seu corpo durante ensaios técnicos recentes.

“Não vou deixar essas críticas me pararem. A indignação virou conteúdo e identificação. Tantas mulheres têm chegado em mim para me agradecer e falar que também não estão mais dando bola para esses julgamentos”, enfatiza ela, que gravou um vídeo mostrando seu corpo real e tem optado por ensaios sem o uso de editor de imagens.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

No passado, a artista lidava de outra forma com isso. Ela relembra que críticas em relação ao seu corpo fizeram com que ela desaprovasse o que via no espelho.

“Essas críticas já tiveram um impacto diferente em mim. No passado, elas me deixavam triste e faziam com que eu não gostasse do que eu via no espelho. Porque eu ouvia o tempo todo que a minha coxa era grossa demais, que eu era muito baixa, que estava cheinha… E eu ouvia isso dentro do meu próprio ofício”, relembra Paolla, que no passado chegou a se submeter a uma lipoaspiração nas coxas.

“Depois de todos esses anos, torno a falar de corpo, a ser alvo de críticas e a ver outras mulheres a minha volta também sendo julgadas. Hoje quero continuar a desempenhar o meu papel ainda mais consciente e inteira do que eu já fui”, conta.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

Essa determinação e coragem estarão também representadas na fantasia que a artista usa no Carnaval 2024. Ela interpreta o personagem principal do samba-enredo Nosso destino é ser onça.

“Quem não se identifica com a onça? É um bicho feroz, ativo e protetor”, diz ela, que também é rainha do Cordão da Bola Preta, musa do Bloco da Favorita e ainda prestigia o Bloco Clube do Samba do companheiro, Diogo Nogueira.

“A luta é não desistir de falar, de mudar o cenário. É sobre tentar trazer mais uma, duas, três mulheres para esse questionamento até que chegue o dia que a gente não precisa mais falar sobre isso”, pontua.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

O que faz você dizer “sim” a essa agenda de Carnaval?
Todo ano me pergunto isso? Quando o Carnaval está quase acabando falo: “Agora chega! Deu! Ano que vem vou diminuir bastante o ritmo”. Mas na hora que vejo, estou lá de novo. É uma loucura, mas a gente gosta, se não gostasse, não voltava todo ano, né? Trabalho muito e há muitos anos, o Carnaval veio para mim como uma brecha de respiro. É uma agitação, mas que diz respeito a Paolla pessoa física, que se sente livre e alegre neste momento. É uma alegria de fazer coisas que não faço normalmente por causa da correria da vida que a gente leva.

E como fica a rotina?
Minha vida não para no Carnaval, pelo contrário, ela fica mais agitada. Estava agora com a minha família e me disseram que eu estava muito ocupada e que não ia dar para eu fazer tal coisa. Respondi que vou continuar tomando conta das coisas que sempre tomei. É a obra aqui em casa que acabou, mas não acabou, tem uma agenda que a gente tenta minimamente coordenar para encontrar com o Diogo… É aquilo que eu disse, não paro a minha vida para o Carnaval. Ele faz parte dela. Não fico nem cansada e exausta. Fico bem feliz e agitada! Sabendo que dou conta.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

Você mudou alguma coisa em sua preparação física e na alimentação para essa maratona?
O Carnaval entra e toma um lugar na minha vida que já está ali esperando por ele. Não preciso correr atrás de nada. Tenho a vida muito ativa o ano inteiro. Estou sempre me exercitando. Parada não sei se um dia vou conseguir ficar. Tento malhar todos os dias, mas, às vezes, não consigo e está tudo bem. Digo que a vida vai dominando o Marcão (personal) e seus horários (risos).

O que você pode adiantar da sua fantasia?
Todo mundo já sabe como que eu vou, já espera que seja representando um certo bicho… O que posso dizer é que é uma fantasia clássica, glamourosa, com muito brilho e purpurina. Esse negócio de ficar apagada não tem comigo. Além disso, tem uma surpresa. Venho em um setor com a bateria chamado Transformação. Posso adiantar que vai ter uma transformação no meio do desfile.

Qual a importância do samba-enredo “Nosso destino é ser onça” no atual momento?
A Grande Rio já está sendo muito feliz com esse samba-enredo. Tem muita coisa que a gente aprende ouvindo um samba-enredo. Agora, por exemplo, foi escolhido um livro do Alberto Mussa, que fala sobre criação do mundo pelo olhar do indígena, do tupinambá. Ver notícias da nossa ancestralidade se acabando é muito triste. No Carnaval, podemos reverenciar esses povos e falar também sobre os bichos e da natureza. A Grande Rio vai levar essa força da natureza para a Avenida.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

O samba-enredo é também sobre luta e resistência. Quais são as suas lutas como mulher?
Todo dia a gente cria uma luta nova, na verdade, um desdobramento da mesma luta. A gente ainda tem que toda hora reforçar que a mulher não pode ser submetida a nenhum tipo de agressão. Tenho a impressão que quem me ouve falando de corpos ou de violência contra a mulher pensa: “De novo esse assunto?”. A gente tem que falar incansável e incessantemente sobre isso. A luta é não desistir de falar, de mudar o cenário. É sobre tentar trazer mais uma, duas, três mulheres para esse questionamento até que chegue o dia que a gente não precisa mais falar sobre isso.

Na verdade, quando vejo que até você, que é uma referência de beleza para as mulheres, está sendo julgada pelo físico, vejo que a situação está pior do que eu imaginava em relação ao machismo…
Às vezes colocam a gente em um pedestal. Sou branca, bem-sucedida, com carreira em ascensão, tenho condições de me cuidar de uma forma que outras mulheres não podem… Sei desse lugar de privilégio, mas, ao mesmo tempo que sou considerada padrão, sou criticada por não estar no padrão por alguns. É até confuso isso. Tem mulheres que dizem que é fácil eu falar sobre essas coisas porque tenho acesso a bons dermatologistas, não tenho que trabalhar e cuidar dos filhos… Respondo: “Pois é, amiga, se eu, deste lugar de privilégio, estou reclamando, como você vai ter paz?”. A gente tem que se unir contra isso. Se ignoro isso, faço um desserviço.

Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação
Paolla Oliveira — Foto: Mariana Zabenzi/Divulgação

Como lidou com as críticas ao seu corpo em um primeiro momento? Ficou chocada?
Já foi um choque, mas agora não mais. Respondo: “Ah! Me deixa em paz!”. Quando leio esse tipo de comentário, tenho ainda mais vontade de ir para a rua para ver o que esse povo besta vai falar no dia seguinte. No Carnaval, isso fica mais evidente, mas não é só sobre o julgamento do nosso corpo. É sobre uma mulher ser descredibilizada se vai com determinada roupa a uma reunião de negócios. Não ser levada a sério se está com o cabelo cacheado e natural… Você já viu um homem ser descredibilizado porque usa tal roupa ou porque tem barriga? A capacidade dele não é medida pelo externo.

Foi um longo caminho até chegar a esse lugar de confiança?
A busca pela autoconfiança não acaba. Todo dia tem que fazer manutenção para que a gente não caia nos buracos. Quando a gente toma o nosso lugar consciente, seja no Carnaval, na vida ou no casamento, as coisas têm um peso maior, se tornam mais importantes.

CRÉDITOS:
Foto: Marina Zabenzi (@zabenzi)
Beleza: Gabriel Nascimento (@gabrielnascimento)
Styling: Alberth Franconaid (@franconaid)
Assessoria de imprensa: Trigo Casa de Comunicação (@trigocomunicacao)

[ad_2]

Fonte

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here